Inquieto com o abismo entre a realidade e a percepção humana, Nelson Porto é desde jovem um curioso pela representação do real. Filho de um professor de desenho e uma psicóloga, sempre se interessou pela forma como o cérebro decodifica luz e sombra, criando realidades onde só existe ilusão. Tendo a técnica fotográfica e a sensibilidade visual como base, seu trabalho mistura desenhos hiper-realistas, curta-metragens de vídeo-arte em timelapse e hyperlapse, projeções mapeadas e realidade virtual. Mas a fotografia, por si, é o espaço de onde continuamente extrai suas percepções e onde re-projeta significados e linguagem em uma experimentação que é tanto sensível quanto complexa.
Em seu primeiro trabalho individual, na exposição “Raiz” de 2013, com curadoria de Bianca Boeckel, revisitou o material colhido de viagens a Etiópia, Índia e Amazônia em busca de um precioso fio humano ancestral compartilhado. Outro tema recorrente e transversal ao trabalho de Nelson é o tempo, dimensão evidenciada pelo movimento das sombras, pela textura das superfícies, pelos vazios eloqüentes dos espaços.
Sua primeira participação em uma exposição coletiva de fotografias foi com “Bonito por Natureza”, que trazia imagens de um Rio de Janeiro idealizado, e esbanjava cor, alegria, movimento. Um de seus últimos trabalhos, “Ruína Carioca” é o oposto: ao visitar um prédio de luxo abandonado em frente ao cartão postal do Pão de Açúcar, as imagens evocam a decadência e o vazio deixado de outras eras. A exposição contou com a imersão em um dos ambientes do prédio em Realidade Virtual, e seu trabalho foi um dos destaques do SP Foto 2018.